Novas regras de transporte intermunicipal do Estado podem comprometer 3 mil empregos, alega categoria

O Projeto de Lei 192/2022 foi aprovado em primeiro turno na Assembleia do Mato Grosso do Sul, nesta quarta-feira (31)


Projeto de Lei 192/2022, aprovado em primeiro turno na Assembleia do Mato Grosso do Sul, nesta quarta-feira (31), prevê regras para o futuro do transporte intermunicipal no Estado e é criticado pela categoria.

Conforme divulgado pela Assembleia, a proposição institui o Sistema de Transporte Rodoviário Intermunicipal de Passageiros do Estado de Mato Grosso do Sul (Sistema Trip-MS), estabelecendo critérios para exploração e funcionamento desse serviço. A proposta segue para análise das comissões de mérito.

A categoria de transporte tem se manifestado contra a proposição. Em nota divulgada nesta quarta (31), a Associação Brasileira dos Fretadores Colaborativos (Abrafrec) alega que o projeto proíbe ônibus e ameaça 3 mil empregos.

Abrafrec alega que ao contrário do que disse textualmente o presidente da Casa, deputado Paulo Corrêa, durante a sessão, o PL não foi discutido "à exaustão".

“Pelo contrário. Apesar dos inúmeros pedidos para que a sociedade e todas as partes interessadas fossem ouvidas, entre elas o setor de fretamento, não houve transparência nem a devida discussão da matéria”, destaca.

A Abrafrec, é uma entidade que reúne mais de 300 empresas de fretamento em todo o Brasil, setor que, somente no fretamento interestadual, gera mais de 200 mil empregos e transporta 12 milhões de passageiros/ano, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

“Do jeito que está, o PL ameaça mais de 3 mil empregos, encarece o preço das viagens de fretamento e deixa veículos e motoristas ociosos. A regra do circuito fechado é um retrocesso para os fretadores e impede novos modelos de negócio, como o colaborativo”, argumenta a entidade.

Abrafrec alega, ainda, que nem todas as emendas apresentadas pelo Executivo ao Ministério Público foram incorporadas ao texto, ficando de fora a emenda que acaba com o circuito fechado em Mato Grosso do Sul.

“A resistência às alterações propostas pelo setor coloca em risco o trabalho dos fretadores no estado. Resultado: prejuízo para as empresas, para a democratização do transporte, para o setor de turismo e, sobretudo, para a população”, diz a nota.

A Buser também emitiu nota à imprensa, alegando que o PL seria um retrocesso, e reafirma que o circuito fechado ameaça mais de 3 mil empregos, encarece o preço das viagens de fretamento e deixa veículos e motoristas ociosos. Sobretudo, a nota da Buser levanta as mesmas questões já levantadas pela Abrafrec.

Saiba

Como já noticiado pelo Correio do Estado, o projeto apresentado na casa em 4 de julho ganhou emendas, das quais apenas as de número 10 e 11 foram incorporadas ao projeto original, que tratam das medidas que excluem conceito de transporte clandestino o individual até 10 km, e diminui prazo de operação de 5 para 2 anos, respectivamente.

Na prática, conforme a emenda n.º 10, motoristas de aplicativo e taxi poderão viajar entre cidades com até 10km de distância, sendo classificado como transporte coletivo, mas caso estejam fora do limite estabelecido, ficam sujeitos sujeito à penalidade.

O texto original do projeto de lei especifica, no artigo 43, que “considera-se transporte clandestino qualquer modalidade de transporte rodoviário intermunicipal de pessoa, prestado por pessoa física ou jurídica, sem cadastro na Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Mato Grosso do Sul (Agems), de forma remunerada e sem instrumento de delegação vigente”.

Além disso, é previsto que empresas que estiverem com o instrumento de delegação em vigor na data da publicação da lei poderão continuar prestando o serviço pelo prazo de até 60 meses, ação que pode ser prorrogável por mais 60.

Este é um dos pontos questionados por aplicativos de transporte rodoviário interestadual e intermunicipal, como a Buser, pela associação das empresas fretadoras de ônibus.

Caso seja aprovado, as empresas que atuam nas viagens intermunicipais em MS permaneceriam em um “período transitório” de cinco anos, prorrogável por mais cinco.

Algo que antes era instituído por um regime de permissão ou concessão passaria a ser, caso o PL seja sancionado, um regime de autorização, em que não é necessário realizar licitação pública.

O Projeto foi aprovado em primeiro turno na Assembleia do Mato Grosso do Sul. Para valer, o texto precisa ser aprovado em segundo turno e sancionado pelo Executivo.


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