Marcada para maio audiência sobre corredor de ônibus na Rua Bahia, em Campo Grande

A 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande marcou para 11 de maio a audiência de instrução e julgamento contra a prefeitura pela implantação de um corredor de ônibus na Rua Bahia, no Centro. A ação popular é movida por 11 comerciantes da via.


Em novembro de 2020, o grupo foi à Justiça alegando que quem trabalha ou mora na região sequer teria sido ouvido. Em abril de 2021, o juiz Ariovaldo Nantes Corrêa negou liminar para suspender a obra.


Por sua vez, a Procuradoria Jurídica da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) sustentou que foram realizadas duas audiências em 2009. Após a fase de produção de provas, o magistrado marcou a audiência.


 

O Jornal  mostrou em uma série de reportagens, em dezembro de 2022, que os corredores vêm provocando caos na Capital, levantando questionamentos de moradores sobre as estações no meio das vias. O projeto, que está orçado em R$ 110 milhões e não teve ¼ executado, pode ser reavaliado, segundo a atual prefeita Adriane Lopes (Patriota).


Corredor da Rua Bahia é mais um que leva caos

Em outubro de 2021, o Jornal Midiamax mostrou que os comerciantes já estavam preocupados com a implantação do corredor, que extinguiria vagas de estacionamento e causaria acidentes.


Após a readequação da pista de rolamento, o fluxo de carros pareceu aumentar. Consequentemente, a paciência dos motoristas também teve que aumentar, já que o trânsito ficou mais lento no local.


 

Um ano depois, a reportagem voltou ao local e a prefeitura esclareceu que não houve aumento no número de acidentes. “Não houve até o momento nenhuma mudança na via que interferisse no fluxo de trânsito. A Agetran informa que não foi registrado aumento de acidentes na via”, diz a nota.


Corredores trazem caos, questionamentos e muito debate

Em uma tentativa de salvar o péssimo serviço prestado pelas empresas que detêm a concessão do transporte na cidade, a Prefeitura de Campo Grande iniciou em 2014 projeto para implantação de corredores de ônibus em várias regiões. O mais recente entrou em operação na Rua Rui Barbosa.


As ruas que já receberam a estrutura e seguem em obras são Brilhante, Bandeirantes, Rui Barbosa e Gunter Hans. A Rua Bahia, que também integra o projeto dos corredores, por enquanto só recebeu recapeamento e sinalização. Outra que deve passar por obras em breve é a Cônsul Assaf Trad, prolongamento da Coronel Antonino.


 

O prazo final para a conclusão dos corredores de ônibus é 2024 e, até lá, os campo-grandenses lidam com os problemas causados pelas obras.


Os motoristas até tentam, mas não entendem a dinâmica do trânsito em ruas com estações. Entre as dúvidas de quem passa pelos corredores estão: por que as estações de embarque estão posicionadas do lado esquerdo da faixa de trânsito e não nas calçadas ou no lado direito das vias, onde tradicionalmente estão os pontos de ônibus? Por que a instalação dessas grandes estruturas em uma rua que já era estreita na região central?


Campo Grande conta com R$ 110 milhões do PAC (Projeto de Aceleração do Crescimento) Mobilidade Urbana liberados para recapeamento de vias e construção dos corredores de ônibus. Mas as obras estão longe de serem concluídas, já que a prefeitura construiu durante a gestão de Marquinhos Trad (PSD) apenas 24% do total, conforme levantamento feito pelo Jornal Midiamax no Painel + Brasil e com a Caixa Econômica Federal.


A administração pública municipal ainda foi selecionada em 2020 para um financiamento de mais R$ 93,1 milhões para modernização da malha viária da cidade, o Avançar Cidades. Ou seja, para recapear ruas e vias urbanas ao invés de insistir em tapa-buracos. No entanto, a prefeitura perdeu a linha de crédito.


A prefeita Adriane Lopes afirmou que críticas de motoristas, comerciantes e passageiros sobre o funcionamento do corredor da Rui Barbosa, uma das vias mais estreitas do Centro da Capital, fazem parte do que é esperado no período de implantação.


“O mesmo questionamento foi feito na Rua Brilhante, onde otimizamos em até 8 minutos o tempo dos ônibus, muito do que ouvimos são especulações”, disparou a prefeita diante das reclamações dos usuários e motoristas, que enfrentam nó no trânsito causado, principalmente, pela localização dos “pontões” ao longo das vias.


Em relação a uma reavaliação sobre a operação dos corredores, a prefeita afirmou que processos relacionados ao corredor da Rui Barbosa só podem ser mudados depois de uma avaliação técnica.


“Nossas equipes especialistas em trânsito estarão avaliando todos o percurso e a execução e se tiver oportunidade de melhorias, podemos fazer, mas até o momento não há nada divergente do que está posto”, disse Adriane.


Vereador apontou falhas no projeto de corredor na Rua Bahia

O vereador Alírio Villasanti (União), presidente da Comissão de Transporte e Trânsito da Câmara, vem se reunindo com os comerciantes da Rua Bahia e apontou problemas no projeto. “Temos algumas inconsistências técnicas ali. A engenharia de tráfego ensina que corredor de ônibus deve ser implantado quando o volume de ônibus é de um a cada 1 minuto e meio, o que não acontece na via em questão”.


Ele aponta ainda que as estações forçam o passageiro a atravessar uma faixa de pedestre, ampliando o deslocamento. Além disso, elas deveriam ficar na calçada em vias de mão única e no canteiro central naquelas de mão dupla.


“A situação é semelhante na Avenida Bandeirantes e na Rua Brilhante. Ninguém é contra a mobilidade, estamos preocupados com a segurança e fluidez do trânsito e não matar o comércio”, avaliou Alírio.


Apesar do tombamento do canteiro, ele defendeu que houvesse um corredor na Avenida Afonso Pena. “Se tem um lugar que tinha que ter corredor é a Avenida Afonso Pena. Bastava avançar 1 metro no canteiro e melhoraria muito a mobilidade”, disse.


O parlamentar ainda cita outra ideia para melhorar o transporte público. “Temos que discutir as parcerias público-privadas para administrar os terminais de ônibus, como já existem em algumas capitais do país. Já solicitei isso à Agetran [Agência Municipal de Transporte e Trânsito]. Os terminais precisam atender com dignidade os usuários”, ponderou.


Alírio vem intermediando o diálogo entre a prefeitura e os comerciantes da Rua Bahia, sendo que a última reunião foi realizada no fim de novembro. “Já tivemos dois pedidos de CPI para investigar o Consórcio. Assinei as duas. O primeiro pedido foi arquivado. O segundo não foi dado a resposta pela presidência da Casa”, concluiu.


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