Enquanto Faustão recebe órgãos rápido, pacientes fazem vaquinhas e até morrem na fila de espera
Enquanto muitos pacientes aguardam anos na fila por um transplante de órgão, a rápida recuperação do apresentador Fausto Silva, que recebeu um novo coração e rim em um curto período de tempo, amargura quem luta contra o tempo há anos e levanta questionamentos sobre a desigualdade no acesso aos transplantes entre pobre e famoso.
O TopMídiaNews conheceu a história de alguns leitores que enfrentam anos de hemodiálise por um rim, enquanto outros perderam parente na vila em uma longa espera de 15 anos.
É o caso de Adolfo Araujo Filho, que perdeu a filha Patrícia Rosa Araujo, 38 anos, depois de uma espera de 15 anos por um fígado.
Há dois anos, o pai amargura a informação da filha sobre a possível negociação da compra do órgão.
Adolfo sente a morte injusta da filha, depois dela contar ao pai que um dos médicos que a atendeu em Ribeirão Preto pediu R$ 30 mil no órgão.
"Segundo relatos dela, não posso provar, mas o médico pediu, há 8 anos, R$ 30 mil para ela, que no outro dia já tinha um fígado para a cirurgia dela, ou seja, infelizmente, comércio de órgãos", lamentou.
Vendo a rapidez do transplante em famosos, ele se entristece em não ter a filha do lado depois de tanto tempo e luta e espera.
A dona de casa Valessa Gomes de Santana, 29 anos, enfrente hemodiálise diária há 6 anos enquanto aguarda um rim. Nódulos no rim da jovem estouraram e ela teve hemorragia e perdeu o órgão.
Na fila de espera em São Paulo, ela passou muito tempo viajando de Campo Grande para a capital paulista a cada 3 meses, na esperança de um novo rim.
"Estava gastando muito porque chegava lá, tinha que pagar carro de aplicativo do aeroporto ao hospital do rim, tinha que comprar comida, me informaram que a fila aqui estava rápida, vim para cá, fiz vários exames para entrar na fila e aguardo", conta.
Apesar da esperança, Valessa foi avisada pelo médico que conseguir um órgão é como ganhar na loteria.
"A doutora me explicou que é sorte, como na Mega-Sena, surgir um rim do meu sangue, eles ligam, eu tenho que ir na hora transplantar", explica.
Em meio à luta contra o tempo, alguns pacientes recorrem a vaquinhas, na esperança de arrecadar dinheiro suficiente para sair da fila.
Kethelen Nayara Almeida Barbosa, moradora de Coxim, é um exemplo dessa batalha. Com apenas 24 anos, ela enfrenta diariamente sessões de hemodiálise há 7 anos, enquanto espera por um transplante de rim.
Diante da demora e da falta de previsão para a cirurgia pelo SUS (Sistema Único de Saúde), ela lançou uma campanha para arrecadar fundos e custear o procedimento em Santa Catarina, que está avaliado em R$ 20 mil.
Em entrevista ao MS Norte, Kethelen compartilhou que sente seu corpo enfraquecendo, a ponto de recentemente romper o tendão de um dos joelhos. Ela explicou que está na fila de transplantes do SUS, porém a disponibilidade de procedimentos é limitada e a demanda de pacientes é alta, e não tem previsão para conseguir o órgão.
“Fui orientada a pesquisar e vou para Joinville. Já tenho onde ficar lá, mas os custos do procedimento são altos, por isso, lancei a vaquinha e espero contar com a ajuda dos amigos de Coxim, para que na próxima vez que eu aparecer eu possa já estar transplantada”, disse. As doações podem ser feitas diretamente pelo PIX dela (CPF: 05767242119).
Além do sofrimento dos pacientes em ver a desigualdade na fila da doação e transplante de órgãos, até quem não precisa sente a dor de quem luta para mudar de vida.
"O Brasil me envergonha nesses transplantes. Pessoas que passam anos esperando e morrem sem transplante e outros (ricos ou influentes) acham compatibilidade com dias. Não consigo entender a lógica", desabafa um leitor.
"Como a fila do transplante anda rápido com os milionários", disse outra.
"Daqui uns dias vai transplantar o cérebro, esse cara é sortudo para órgãos em", ironizou outro leitor a respeito dos transplantes do Faustão.