"Abandonada" pelo SUS, adolescente espera 1 ano e meio por cirurgia de escoliose

Após um ano e meio de acompanhamento da evolução da escoliose na coluna dorsolombar, e finalmente, em fevereiro de 2024, entrar na lista de espera pela cirurgia que devolveria a liberdade à Emmily, de 13 anos, a esperança pela "cura" veio como um "balde de água fria" ao descobrir que os dois hospitais de Campo Grande que fazem a cirurgia não apresentam estrutura para realizar o procedimento.

A adolescente foi diagnosticada em outubro de 2022 e, desde então, está em acompanhamento pelo SUS (Sistema Único de Saúde), para realizar a tão sonhada - e necessária - cirurgia. Na rede particular, o procedimento custaria em torno de R$ 200 mil, valor que a mãe, autônoma de 30 anos, não pode pagar. Entre os casos que vão parar na Justiça em busca de garantia de cirurgia, a maioria das sentenças na Capital refere-se a procedimentos de ortopedia.

A paciente faz acompanhamento do desenvolvimento da doença no Hospital Universitário e tratamento no CEM (Centro de Especialidades Médicas), porque também tem asma. De acordo com a mãe, Camila, de 30 anos, a esperança pela cirurgia custeada pelo sistema público foi por água abaixo após serem informadas por funcionários do Hospital Universitário que em Campo Grande não há equipamentos e nem médicos especialistas para realizar a cirurgia.

Em março de 2023, Camila procurou assistência jurídica da Defensoria Pública para tentar agilizar as consultas e os exames a que a filha precisava ser submetida para o tratamento dos problemas de saúde.

A mãe conta que a situação da filha piora a cada dia que ela passa sem fazer a cirurgia. Ela sente dores intensas na coluna, o que se agravou depois de suspender os remédios para dor por conta da asma, diante da ocorrência de crises asmáticas na adolescente.

A situação entristece a mãe. “A gente já foi desiludida e desenganada. Fomos comunicadas que além de não ter material para a cirurgia, também não tem médico para realizar a cirurgia dela. Em agosto, fui comunicada que o hospital não tinha máquina de Raio X necessária para a cirurgia e que não tinha previsão [de ter o equipamento]. Em dezembro, o médico que iria operar ela se aposentou”, lamenta a Camila.

Ela tem ainda outras duas filhas, de 11 e 3 anos, e sobrevive de auxílios do governo, apontando que não consegue trabalhar em um emprego fixo por ter que cuidar da filha mais velha. Ela revela que gasta em torno de R$ 500 por mês com remédios, exames e consultas não custeados pelo SUS.

A mãe conta que o desvio na coluna limita a vida da adolescente, que "não pode fazer esportes porque tem perigo de ela cair e machucar a coluna, não pode carregar peso, não consegue abaixar. Ela não tem uma vida de adolescente. Imagine a tristeza?”.

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde para saber como está a estrutura disponível em Mato Grosso do Sul para atender casos cirúrgicos de lordose e escoliose. No entanto, até a publicação desta matéria, não havia obtido resposta. O espaço segue aberto para possíveis esclarecimentos.


CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS

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